Definição: O Roacutan® (isotretinoína) é o ácido 13-cis-retinóico, um retinóide oral. A isotretinoína é uma substância derivada da vitamina A.
Indicação: Tratamento de formas graves de acne (nódulo-cística e conglobata) e acnes resistentes a terapêuticas anteriores. A acne é uma doença dos folículos pilossebáceos (formada pela glândula sebácea e pêlo), podendo ocorrer na face e no tórax. Suas causas principais são:
• A queratinização alterada do folículo, que produz a obstrução do orifício folicular.
• A hipersecreção da glândula sebácea.
• A proliferação bacteriana, principalmente o Propionibacterium acnes. Com a retenção sebácea, o microorganismo prolifera e o processo inflamatório é desencadeado.
A isotretinoína, príncipio ativo do Roacutan® (isotretinoína) é o único medicamento que atua em todos os fatores causadores da acne.
Ação: Ele atua sobre o processo de queratinização do folículo (normalizando a queratinização folicular alterada) e diminui a produção de sebo. Dessa forma, cessam as condições para a proliferação bacteriana.
Efeitos Colaterais: (são reversíveis e desaparecem com o fim do tratamento) – são dose-dependentes (muitas destas reações adversas foram observadas somente com tratamento com altas doses e por períodos prolongados) – secura e rachadura labial; – secura do nariz e olhos (podendo causar leve sangramento no nariz e propiciar a conjuntivite); – a pele pode ficar mais seca e sensível, eventualmente causando coceiras; – outros efeitos, tais como discreta queda de cabelos, fragilidade das unhas, dor de cabeça ou dores musculares ou nas juntas podem ocorrer menos freqüentemente.
Cuidados durante o tratamento: – A isotretinoína causa mal formação fetal (teratogênica). As mulheres não podem estar grávidas quando iniciarem o tratamento e não devem engravidar até um mês após o tratamento. – Roacutan® (isotretinoína) está também contra-indicado em pacientes com insuficiência hepática, hipervitaminose A preexistente, valores lipídicos sangüíneos excessivamente elevados, alergia à droga ou a qualquer substância contida na cápsula.
– O PACIENTE QUE ESTIVER TOMANDO ROACUTAN® (ISOTRETINOÍNA) NÃO DEVE SE EXPOR AO SOL SEM PROTEÇÃO.
Explicação: Os Retinóides de uso tópico e sistêmico tornam a pele mais sensível ao sol e as Ciclinas, podendo causar reações fototóxicas e fotoalérgicas. A fototoxicidade e a fotoalergia causam as fotodermatoses, também denominadas fotodermatites ou lúcides. Estas compreendem um grande número de reações anormais da pele causadas pela luz ultravioleta ou pelo espectro visível da luz.
Reações fototóxicas (fototoxicidade):
As reações fototóxicas resultam da reatividade quimicamente induzida à luz ultravioleta e/ou à radiação, em bases não-imunológicas. As reações fototóxicas, pelo que se conhece até o momento, ocorrem dentro de uma lógica do tipo dose-resposta, sendo a intensidade da reação proporcional à concentração da substância química e à quantidade de radiação, em determinado comprimento de onda.
As reações fototóxicas manifestam-se por uma sensação imediata de queimação, eritema, edema, as vezes vesiculação e bolhas. A sensação de queimadura é mais pronunciada do que aquelas observadas nas queimaduras solares comuns, mas é aliviada na sombra. Eritema tardio e edema podem aparecer após algumas horas e até de um a dois dias depois da exposição. Nas reações mais graves, podem aparecer bolhas. Uma hiperpigmentação localizada pode ser notada depois da reação e, em alguns casos, pode ser a única manifestação. A intensidade da doença dependerá da quantidade da radiação, do tipo de pele, do local da exposição e da concentração da substância. As lesões das reações fototóxicas são confinadas a áreas da pele expostas à luz, tipicamente em uma ou mais áreas da face, ponta das orelhas, no “V” do decote, no pescoço, na região da nuca, em superfícies extensoras dos antebraços e no dorso das mãos.
Reações fotoalérgicas:
As reações fotoalérgicas (fotoalergia) distinguem-se das reações fototóxicas pela natureza imunológica da resposta, que ocorre, unicamente, em indivíduos que foram previamente sensibilizados por exposição simultânea a substâncias fotossensibilizadoras e à radiação adequada. A fotoalergia parece envolver processos biológicos semelhantes àqueles da dermatite de contato alérgica, exceto pela radiação ultravioleta, na conversão do hapteno em alérgeno completo. O diagnóstico das fotodermatoses é freqüentemente sugerido pela distribuição e pelo caráter das lesões na pele. Os quadros de fotoalergia requerem, para confirmação, uma investigação mais completa que inclua o photopatch test (fototeste), que deve ser executado por especialista (dermatologista) familiarizado com a técnica.
As reações fotoalérgicas são, usualmente, caracterizadas por lesões eczematosas, ocorrendo eritema, edema, infiltração, vesiculação e, nos casos mais intensos, bolhas. As lesões podem se estender para além das áreas expostas, recrudescendo nas áreas previamente cobertas. Pode ser observada uma dermatite leve disseminada. Na medida em que a dermatite diminui, as alterações pigmentares e o espessamento da pele podem se tornar proeminentes. Alguns pacientes reagem a quantidades extraordinariamente pequenas de energia luminosa. Os comprometimentos de onda responsáveis pela fotoalergia situam-se na faixa de ondas longas do ultravioleta (UVA). Uma complicação grave da fotoalergia é o desenvolvimento de uma reação persistente à luz. A doença é caracterizada por uma extrema fotossensibilidade que persiste apesar da remoção de todo o contato com o fotoalérgeno. Pode ocorrer uma ampliação do espectro de ação da luz, que faz com que pequenas exposições à radiação ultravioleta desencadeiem a fotossensibilidade.
Reações de fotossensibibilidade causadas por agentes diversos
1) Por ação sistêmica:
a) antiarrítmicos: amiodarona, metildopa, propanolol, quinidina;
b) antibacterianos: tetraciclina, dimetilclortetraciclina, ácido nalidíxico;
c) antidiabéticos orais sulfamídicos;
d) antinflamatórios não-hormonais: piroxicam, benoxiprofen, ácido acetil salicílico (AAS), fenilbutazona e oxifenilbutazona, ibuprofeno;
e) agentes antineoplásicos (metrotrexate, vinblastina, 5.fluorouracil);
f) derivados da quinina – cloroquina;
g) diuréticos – tiazidas: clorotiazidas, furosemida;
h) retinóides: isotretinoina, etretinato.
2) Por ação tópica:
a) antifúngicos: griseofulvina, cetoconazol;
b) corantes: acridina, eosina, azul de metileno, azul de toluidina, azul 35, fluoresceína, rosa bengala, difeniletileno (stilbeno), vermelho neutro;
c) derivados do petróleo: coaltar, creosoto, pixe, benzo(a)pireno, antraceno, fenantreno, fluorantreno, ß-metilantraceno;
d) fitofotodermatites: furocumarínicos, psoralênicos, família das umbelíferas – aipo, salsa, cenoura, (compositae) Crisântemo, girasol.
Plantas das famílias das moráceas (figo, jaca, fruta-pão) e rutáceas (frutas cítricas em geral);
e) fragrâncias: metilcumarina, musk ambrete;
f) protetores solares: PABA e gliceril-PABA, oxibenzonas, parsol, eusolex, benzofenonas;
g) tópicos halogenados: tribromosalicilianilida (TBS), triclorocarbanilida (TCC), n-butil 4.clorosaliciliamida, hexaclorofeno;.
h) Outros: ciclamato, cádmio, riboflavina, sulfonamidas.
Isotretinoína x clareamento dental: CONCLUSÕES/HIPÓTESES/SUGESTÃO DE CONDUTA. A radiação do LED sobre a pele em pacientes em tratamento com o Roacutan® ou outro genérico da Isotretinoína mimetiza uma exposição solar uma vez que o comprimento de onda do LED está incluído no espectro visível da luz. A isotretinoína promove uma fragilidade na pele (Williams; Elias, 1981; Elias et al., 1981) contra-indicando a realização de depilação e cirurgias no intervalo de pelo menos 6 meses (Layton et al., 2006). Além disso, segundo o Ministério da Saúde (anexo 3), a isotretinoína é um agente que pode causar reação de fotossensibilidade, ou seja, em associação com a luz pode causar uma reação fototóxica ou fotoalérgica. Apesar de alguns trabalhos indicarem que apenas a proteção solar já seja suficiente e que muitos pacientes não relataram problemas de pele durante o tratamento com o Roacutan® no verão (Kunynetz 2004) ainda faltam trabalhos que comprovem que o uso do protetor solar na região que será irradiado com o LED durante o clareamento dental seja suficiente para evitar qualquer dano à pele. A dose e o tempo de exposição influenciarão nos efeitos causados, no entanto, a incidência local durante pelo menos 20 minutos poderia desencadear alguma reação. Pela falta de estudos que investiguem a ação do LED, e seu tempo de irradiação capaz de desencadear a reação, é de bom senso contra-indicar o clareamento dental em pacientes que estejam sendo tratados com o Roacutan. O tempo mínimo após o término do tratamento deve ser de 1 mês, tempo que o medicamento leva para ser totalmente eliminado do organismo.
Observação: – existem muitos trabalhos na literatura que utilizam a isotretinoína para o tratamento de pele fotodanificada. – A maioria dos trabalhos relacionados a odontologia estudam os efeitos teratogênicos da isotretinoína na formação dental, do palato e etc. – Não encontrei nenhum trabalho que relacione diretamente o clareamento dental com o uso da isotretinoína.