Os benefícios relacionados ao aleitamento materno para a criança e a mãe são conhecidos e comprovados cientificamente. É um processo que vai muito além do nutrir, pois envolve interação profunda entre mãe e filho, com repercussões no estado nutricional da criança, em sua habilidade de se defender de infecções, em sua fisiologia e no seu desenvolvimento cognitivo e emocional, além de ter implicações na saúde física e psíquica da mãe e bebê.
O valor nutricional, proteção imunológica e o menor risco de contaminação contribuem para a redução da morbimortalidade infantil e há evidência também que sugerem que a amamentação possa proteger contra o sobrepeso e diabetes na vida adulta. Para o bebê, o leite materno é o melhor alimento, oferecendo também benefícios à saúde materna como controle de peso após o parto e proteção para câncer de mama.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda a prática do Aleitamento Materno Exclusivo e em livre-demanda iniciando na sala de parto até 6 meses, e complementado até dois anos de idade ou mais e complementado, a partir daí, com alimentação saudável e equilibrada. Essa e muitas outras informações a respeito da amamentação e do leite materno são exaustivamente divulgadas desde o século passado, por instituições de reconhecimento mundial. Neste sentido, a fim de aumentar as taxas de amamentação no país, o Brasil vem desenvolvendo ao longo de 30 anos, ações e políticas de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno. (Já utilizado 08/08)
A OMS e o Ministério da Saúde indicam que não há vantagens em se iniciar os alimentos complementares antes dos seis meses, podendo, inclusive, haver prejuízos à saúde da criança, pois a introdução precoce de outros alimentos está associada a: Maior número de episódios de diarreia; Maior número de hospitalizações por doença respiratória; Risco de desnutrição se os alimentos introduzidos forem nutricionalmente inferiores ao leite materno, como, por exemplo, quando os alimentos são muito diluídos; Menor absorção de nutrientes importantes do leite materno, como o ferro e o zinco.
O aleitamento materno, exclusivo e até os dois anos, não só pode influenciar preferências alimentares, que são formados por meio de complexa rede de influências genéticas e ambientais. Os sabores e aromas de alimentos consumidos pelas nutrizes têm uma via pelo leite materno e acabam sendo transmitidos para o lactente. O leite materno oferece diferentes experiências de sabores e aromas que vão refletir os hábitos alimentares maternos e a cultura alimentar. Assim, crianças que mamam no peito aceitam melhor a introdução da alimentação complementar.
Além desse fato, o aleitamento também otimiza o desenvolvimento harmônico da musculatura orofacial, do sistema estomatognático, responsável pela execução das funções orais de sucção, respiração, mastigação, deglutição e fonoarticulação e da saúde geral. Essas funções estão intimamente relacionadas ao processo de nutrição, crescimento, comunicação e formação dentária do indivíduo.
Durante a ordenha das mamas, toda musculatura da língua do recém-nascido trabalha ativamente. Durante a ordenha das mamas, a ponta da língua permanece anteriorizada, o dorso para baixo e durante o processo de receptação do leite suas bordas encontram-se elevadas, fazendo uma “concha” ao redor do mamilo (canolamento) para receber o leite. A mandíbula realiza movimentos de elevação/abaixamento e ântero-posteriores que geram impulsos neurais e obtém como resposta o crescimento póstero-anterior mandibular, proporcionando um crescimento orofacial harmônico.
Durante o processo da amamentação a língua faz movimentos peristálticos desde a ponta para trás, coordenando os movimentos corretamente, tonificando seus músculos em toda a sua extensão e preparando-a para posicionar-se corretamente durante a deglutição. Esse exercício realizado durante a amamentação favorece a função mastigatória, uma vez que os mesmos músculos ativados nesse processo serão os responsáveis por morder e triturar os alimentos. Há evidências científicas que apontam que quanto maior a duração da amamentação no seio, melhor a qualidade da função mastigatória na idade pré-escolar (3-5anos).
Para a função da respiração, o padrão respiratório (nasal ou bucal) sofre influência direta do histórico de aleitamento materno. Crianças não amamentadas tem um risco aumentado de desenvolver respiração bucal. Crianças respiradoras bucais apresentam adaptações patológicas das características posturais e morfológicas do sistema estomatognático (ou seja, posição habitual de lábios entreaberta, língua no assoalho oral, hiperfunção do músculo mentual durante a oclusão dos lábios, mordida alterada, lábio inferior com eversão, assimetria de bochechas e palato duro alterado) e consequentemente no desempenho de suas funções orais.
Ainda há um ponto importante da amamentação atuando para o desenvolvimento da articulação dos sons da fala na promoção do equilíbrio no desenvolvimento de toda musculatura facial e da cavidade oral do recém-nascido, o que durante seus 1.000 dias facilitará a correta articulação dos sons da fala no período de aquisição da linguagem oral.
Mesmo diante de todos os seus benefícios, a amamentação pode ser desafiadora nas primeiras semanas em que o binômio mãe e bebê ainda estão se adequando à nova rotina e a produção de leite adequada.
A mulher pode sentir dor discreta ou mesmo moderada nos mamilos no começo das mamadas, devido à forte sucção deles e da aréola. Porém, se essa dor persiste além da primeira semana e os mamilos apresentam-se machucados, isso não é normal e requer intervenção.
A causa mais comum de dor para amamentar se deve a lesões nos mamilos por posicionamento e pega do bebê incorretos, bem como outras causas que incluem mamilos curtos, planos ou invertidos, disfunções orais na criança, freio de língua excessivamente curto, sucção não nutritiva prolongada, uso impróprio de bombas de extração de leite, interrupção inadequada da sucção da criança quando for necessário retirá-la do peito, uso de cremes e óleos que causam reações alérgicas nos mamilos, uso de protetores de mamilo (intermediários) e exposição prolongada a forros úmidos.
Essas causas podem ser tratadas com o manejo adequado que envolve correção da pega e posição e proteção dos mamilos eliminando o contato da área machucada com a roupa, dentre outros cuidados, entre elas o tratamento de fotobiomodulação com laser.
Esse recurso é uma estratégia não invasiva que se baseia na aplicação de luz a partir de ondas eletromagnéticas vermelhas ou infravermelhas, para produzir efeitos biológicos no organismo. Os feixes luminosos, LASER (Light Amplification by Stimulatedo Radiation) de baixa intensidade são absorvidos pelos tecidos e provocam bioestimulação ou bioinibição celular, de acordo com a dose aplicada.
Doses baixas bioestimulam mitocôndrias e consequentemente produzem maior quantidade de trifosfato de adenosina (ATP), gerando menor consumo de oxigênio e acelerando atividades celulares que já estão geneticamente programadas, como cicatrização por exemplo.
A cerca do comprimento de onda, o laser vermelho é capaz de atingir tecidos mais superficiais, acelerando processo de cicatrização, bem como laser infravermelho atua em tecidos profundos realizando ações de analgesia, redução de edema e efeito anti-inflamatório.
Nessa perspectiva, as indicações do uso do laser na amamentação são bem amplas, contemplando a cicatrização dos traumas mamilares e reparo tecidual, redução da dor associada à amamentação, redução do edema nos casos de ingurgitamento mamário, estimulação de glândulas mamárias para aumento da produção de leite. Também está indicado para tratamento de candidíase mamária quando associado à Terapia Fotodinâmica com fotossensibilizador azul de metileno.
É importante que se busque por profissionais capacitados para realizar o atendimento de fotobiomodulação mamilar aplicando as doses específicas para cada caso pois o uso incorreto pode comprometer o efeito desejado e o auxílio a amamentação.
Referências